O menino acompanhava a sua mãe que trabalhava como empregada doméstica naquele apartamento enorme onde viviam três irmãs já com uma longa idade de vida e cabelos brancos devido à sua velhice, mas sempre bem penteados e cheiro suave dum perfume doce.
Quando o menino entrava naquela casa, via-se alegria daquelas idosas senhoras com um sorriso contagiante. Uma delas tinha dificuldades motoras, por isso deslocava-se com alguma dificuldade, nunca saía de casa, pois passava o dia junto duma janela aberta por onde via o mundo exterior. Sabia a que horas as pessoas passavam para apanhar o comboio, e quando regressavam a todas elas dava os bons dias sempre com um sorriso de alegria, que era correspondido pela boa educação daquela senhora.
Lá em casa havia três pássaros (periquitos) que falavam como os papagaios, pois eram ensinados e quando o menino aparecia os pássaros diziam “ tá cá o menino” e elas respondiam aos pássaros afirmativamente. Sentavam o menino junto delas para que ele fosse dando bolachas partidas aos passarinhos e enchiam com carinhos esse menino, ao que ele correspondia com beijos naquelas faces de pele macia já cheias de rugas, que eram marcas da vida de tantos anos de trabalho.
Mas ao ver os passarinhos de volta das três irmãs a chilrear, como dizendo que também eles queriam brincar com o menino, a alegria daquelas belas idosas era contagiante para qualquer pessoa, na hora do lanche lá estávamos todos de volta da mesa com os passarinhos pousados nos ombros de cada uma delas, coisa digna de se ver.
Tinham as mãos rugosas de muitos anos a trabalhar. Viviam das suas reformas, e de alguma poupança que amealharam durante os anos de trabalho. A Dona Augusta era a que geria a casa, Amélia era a mais sabichona, sempre bem arranjada e com a sua pele branca e perfumada, mas ainda mostrava a bela moça que outrora fora. A senhora Margarida (Guidinha) pois era assim que a tratavam, era a que sentia mais o amor da presença daquela criança devido à sua solidão.
O tempo foi passando e aquela criança foi crescendo pouco a pouco, e deixou de acompanhar a sua mãe àquela casa. Mais tarde soube que a senhora Margarida tinha falecido e no espaço de pouco mais de meio ano todas elas faleceram, assim como os três passarinhos que após a morte de D. Margarida, também adoeceram com a falta de carinho daquelas belas idosas. Até parecia que adivinhavam o destino das três dignas senhoras e acabaram por morrer, um atrás do outro, tal era o seu desgosto pelo desaparecimento da sua grande amiga, que todo o dia falava com eles.
Esta pequena história foi real em muito aspectos e foi vivida por mim e posso confirmar que foi muito bom ter passado um longo tempo com aquelas doces velhinhas.
Ser velho é bonito desde que se saiba viver sem amarguras e sem rancores, ser velho é sinal de sabedoria. É pena que estes jovens de hoje assim não o pensem, pois ainda hoje me vêm à memória lembranças daquelas senhoras para assim poder contar a história das três velhas irmãs.
É bom envelhecer e sentir que valeu a pena viver, quando sentimos que existe amor naqueles de quem nós gostamos.
Quando o menino entrava naquela casa, via-se alegria daquelas idosas senhoras com um sorriso contagiante. Uma delas tinha dificuldades motoras, por isso deslocava-se com alguma dificuldade, nunca saía de casa, pois passava o dia junto duma janela aberta por onde via o mundo exterior. Sabia a que horas as pessoas passavam para apanhar o comboio, e quando regressavam a todas elas dava os bons dias sempre com um sorriso de alegria, que era correspondido pela boa educação daquela senhora.
Lá em casa havia três pássaros (periquitos) que falavam como os papagaios, pois eram ensinados e quando o menino aparecia os pássaros diziam “ tá cá o menino” e elas respondiam aos pássaros afirmativamente. Sentavam o menino junto delas para que ele fosse dando bolachas partidas aos passarinhos e enchiam com carinhos esse menino, ao que ele correspondia com beijos naquelas faces de pele macia já cheias de rugas, que eram marcas da vida de tantos anos de trabalho.
Mas ao ver os passarinhos de volta das três irmãs a chilrear, como dizendo que também eles queriam brincar com o menino, a alegria daquelas belas idosas era contagiante para qualquer pessoa, na hora do lanche lá estávamos todos de volta da mesa com os passarinhos pousados nos ombros de cada uma delas, coisa digna de se ver.
Tinham as mãos rugosas de muitos anos a trabalhar. Viviam das suas reformas, e de alguma poupança que amealharam durante os anos de trabalho. A Dona Augusta era a que geria a casa, Amélia era a mais sabichona, sempre bem arranjada e com a sua pele branca e perfumada, mas ainda mostrava a bela moça que outrora fora. A senhora Margarida (Guidinha) pois era assim que a tratavam, era a que sentia mais o amor da presença daquela criança devido à sua solidão.
O tempo foi passando e aquela criança foi crescendo pouco a pouco, e deixou de acompanhar a sua mãe àquela casa. Mais tarde soube que a senhora Margarida tinha falecido e no espaço de pouco mais de meio ano todas elas faleceram, assim como os três passarinhos que após a morte de D. Margarida, também adoeceram com a falta de carinho daquelas belas idosas. Até parecia que adivinhavam o destino das três dignas senhoras e acabaram por morrer, um atrás do outro, tal era o seu desgosto pelo desaparecimento da sua grande amiga, que todo o dia falava com eles.
Esta pequena história foi real em muito aspectos e foi vivida por mim e posso confirmar que foi muito bom ter passado um longo tempo com aquelas doces velhinhas.
Ser velho é bonito desde que se saiba viver sem amarguras e sem rancores, ser velho é sinal de sabedoria. É pena que estes jovens de hoje assim não o pensem, pois ainda hoje me vêm à memória lembranças daquelas senhoras para assim poder contar a história das três velhas irmãs.
É bom envelhecer e sentir que valeu a pena viver, quando sentimos que existe amor naqueles de quem nós gostamos.