Naqueles serões em que se reunia a pequena e média burguesia e a onde Macário tinha estado num desses serões, em casa da Sr.ª D. Maria da Graça.
Só que desta vez a reunião é em casa de Dona Vilaça e a onde Macário também foi convidado a estar presente. Nela também se encontravam as irmãs Hilária. A mais velha senhora que tinha sido aia da Senhora da Casa da Mina e por isso acompanhava nas festas da alta sociedade, tinha sempre relatos dessas festas para contar a sua história e que todos gostavam de ouvir. Ela era uma senhora de meia-idade com cabelos grisalhos, olhos azuis-claros com uma estatura acima média o seu vestuário deslumbrava perante os presentes nas festas para que era convidada, é uma mulher muito faladora e com uma voz serena quando relatava os acontecimentos que tinha presenciado nas casas da alta burguesia aquando acompanhava a senhora da Casa da Mina.
Foi o caso da primeira reunião em casa da Sr.ª D. Maria da Graça em que ela se apercebe dos olhares que Macário deitava a menina Luísa viu ali um homem apaixonado, conhecendo ela família Vilaça, comentou com sua irmã a pobre sorte do Macário.
Mas neste segundo serão em que Macário é convidado, onde também estava presente Dona Hilária e sua irmã, todos falam uns com os outros mas Macário só tem olhos para Luísa enquanto isso D. Hilária não tira os olhos daquele casal, onde se via um homem a morrer de amores pela sua dama, enquanto falavam Macário rolava com uma moeda de ouro em cima duma mesa Dona Hilária olhava para Macário, cochichando com sua irmã quando se ouve um alarido, pois a moeda que Macário estava ropiando tinha desaparecido pelo regaço de sua dama. Todos procuravam a moeda incluindo o beneficiado (padre) excepto Luísa que erguera para sacudir o seu longo vestido todo bordado, a senhora Hilária mantinha-se em pé sem tirar os olhos daquela donzela, por quem Macário era apaixonado. Todos procuram mas ninguém encontrou a moeda, mas também ninguém a ouviu o tilintar da moeda Dona Hilária com um olhar sereno observava o desfecho deste caso sabendo ela quem tinha ficado com a moeda, mas calou-se não fossem os convidados pensar que ela estava a fazer injurias, e assim terminou este serão pouco afortunado para Macário.
Certo dia foi Dona Hilária à loja do Sr. Francisco e encontrou-se por acaso com ele e contou-lhe que o sobrinho estava apaixonado pela filha de Dona Vilaça, aí o tio de Macário ficou zangado, porque dizia que tanto a filha como a mãe não passavam de umas ” rameiras” e que enquanto o sobrinho estivesses em sua casa ele, não ia deixar que ele casa-se com a menina Luísa. O tio Francisco comentou com Dona Hilária que mulher daquelas não entra na família.
Quando Macário pediu autorização ao tio para casar com a menina Luísa, o tio disse logo com um abanar de cabeça: não! E se mais alguma vez tocasse no assunto podia seguir a vida por conta própria. Macário revoltado com as palavras do tio saiu da casa com um bater de porta.
E tudo isto por causa da intrusa Dona Hilária uma grande bisbilhoteira.
No dia seguinte, depois de andar toda a noite na rambóia lá para os lados do Terreiro do Paço, Macário volta aos armazéns do tio Francisco e encontra D.ª Hilária a falar com ele e aí apercebe-se como o tio soube do romance que tinha com a menina Luísa. Começou a discutir com a senhora Dona Hilária e o tio, perante as ofensas do sobrinho, manda-o pedir desculpas o que Macário recusa. O tio, como pessoa de bem e conhecido como pessoa de respeito, manda Macário arrumar as seus pertences e sair de sua casa porque tinha manchado a sua honra. Dona Hilária pede ao tio Francisco que não faça isso “ É o seu sobrinho, é do seu sangue e talvez o único familiar que tem”. “É sim! É sim! Mas tem que aprender a respeitar os outros.”, respondeu-lhe o tio. Nisto Macário saí com uma mala tipo baú e a senhora Hilária pede-lhe que fique um pouco mais, pois quer falar-lhe porque há um mal entendido, mas ele não a quer ouvir e caminha em direcção à rua da Madalena onde mora o seu amigo Felisberto, homem este, que andava sempre com chapéu de palha na cabeça. Enquanto isso o senhor Francisco convidava D.ª Hilária para tomar um chá em sua casa o que ela generosamente aceita e muito conversaram, marcando um novo encontro para um passeio ao Dafundo.
Passados alguns meses, a senhora Hilária encontra Macário com a roupa que vestia um pouco suja e amarrotada e vai em direcção dele e procura-lhe o que tem feito para andar assim naquele estado e ele responde-lhe que não tem onde dormir nem que comer e já não tem dinheiro. Já tinha estado em Cabo-Verde onde arranjou fortuna e essa mesma fortuna se gastou para pagar dívidas do amigo de quem ele tinha sido fiador e que estava de casamento marcado com a menina Luísa, mas não sabia o que fazer.
Dona Hilária comenta que seu tio Francisco anda muito triste e abatido desde que ele saiu de casa e recomenda-lhe que vá lhe falar, pois um moço de família não pode andar naquela situação e que seu tio tinha muito orgulho dele porque todos os comerciantes lhe falavam que o seu sobrinho era um homem com honra na palavra. Macário pede desculpa a Dona Hilária pelo passado e que ficava muito feliz se o pudesse acompanhar a casa de seu tio pois seria uma honra para ele e assim seu tio via que já não havia mal entendidos.
Dona Hilária comenta com Macário que, depois de ele se ter ido embora, ela e seu tio tinham ido a vários serões juntos e que ele a pediu em casamento. Macário não disse nada durante o caminho em que acompanhou a senhora até casa de seu tio. Quando chegaram estava o senhor Francisco à porta do armazém, assim que os avistou andou em passos largos ao seu encontro fazendo uma vénia à senhora Hilária e com lágrimas nos olhos abraçou Macário com muita ternura, convidando-o a ocupar o lugar que sempre fora dele, ao que Macário acedeu e perguntando ao tio para quando era o seu casamento.
--Quem te disse que eu ia casar? --Perguntou o tio.
--A sua noiva!
--É verdade e já tenho a data, que será no dia da Nação, 10 de Junho, dia de Camões.
Dona Hilária com um sorriso envergonhado aceitou o casamento desde que Macário fosse o padrinho, o que foi logo afirmativo. Assim uma solteirona e bisbilhoteira acaba por casar com o Sr. Francisco, homem de negócios da Baixa de Lisboa. O casamento fez-se na igreja da Sé, no dia 10 de Junho de 1889.
Casamento de Dona Hilária com o Senhor Francisco
Joaquim Pereira
C.L.C. UC 7 Novembro de 2008
Foi o caso da primeira reunião em casa da Sr.ª D. Maria da Graça em que ela se apercebe dos olhares que Macário deitava a menina Luísa viu ali um homem apaixonado, conhecendo ela família Vilaça, comentou com sua irmã a pobre sorte do Macário.
Mas neste segundo serão em que Macário é convidado, onde também estava presente Dona Hilária e sua irmã, todos falam uns com os outros mas Macário só tem olhos para Luísa enquanto isso D. Hilária não tira os olhos daquele casal, onde se via um homem a morrer de amores pela sua dama, enquanto falavam Macário rolava com uma moeda de ouro em cima duma mesa Dona Hilária olhava para Macário, cochichando com sua irmã quando se ouve um alarido, pois a moeda que Macário estava ropiando tinha desaparecido pelo regaço de sua dama. Todos procuravam a moeda incluindo o beneficiado (padre) excepto Luísa que erguera para sacudir o seu longo vestido todo bordado, a senhora Hilária mantinha-se em pé sem tirar os olhos daquela donzela, por quem Macário era apaixonado. Todos procuram mas ninguém encontrou a moeda, mas também ninguém a ouviu o tilintar da moeda Dona Hilária com um olhar sereno observava o desfecho deste caso sabendo ela quem tinha ficado com a moeda, mas calou-se não fossem os convidados pensar que ela estava a fazer injurias, e assim terminou este serão pouco afortunado para Macário.
Certo dia foi Dona Hilária à loja do Sr. Francisco e encontrou-se por acaso com ele e contou-lhe que o sobrinho estava apaixonado pela filha de Dona Vilaça, aí o tio de Macário ficou zangado, porque dizia que tanto a filha como a mãe não passavam de umas ” rameiras” e que enquanto o sobrinho estivesses em sua casa ele, não ia deixar que ele casa-se com a menina Luísa. O tio Francisco comentou com Dona Hilária que mulher daquelas não entra na família.
Quando Macário pediu autorização ao tio para casar com a menina Luísa, o tio disse logo com um abanar de cabeça: não! E se mais alguma vez tocasse no assunto podia seguir a vida por conta própria. Macário revoltado com as palavras do tio saiu da casa com um bater de porta.
E tudo isto por causa da intrusa Dona Hilária uma grande bisbilhoteira.
No dia seguinte, depois de andar toda a noite na rambóia lá para os lados do Terreiro do Paço, Macário volta aos armazéns do tio Francisco e encontra D.ª Hilária a falar com ele e aí apercebe-se como o tio soube do romance que tinha com a menina Luísa. Começou a discutir com a senhora Dona Hilária e o tio, perante as ofensas do sobrinho, manda-o pedir desculpas o que Macário recusa. O tio, como pessoa de bem e conhecido como pessoa de respeito, manda Macário arrumar as seus pertences e sair de sua casa porque tinha manchado a sua honra. Dona Hilária pede ao tio Francisco que não faça isso “ É o seu sobrinho, é do seu sangue e talvez o único familiar que tem”. “É sim! É sim! Mas tem que aprender a respeitar os outros.”, respondeu-lhe o tio. Nisto Macário saí com uma mala tipo baú e a senhora Hilária pede-lhe que fique um pouco mais, pois quer falar-lhe porque há um mal entendido, mas ele não a quer ouvir e caminha em direcção à rua da Madalena onde mora o seu amigo Felisberto, homem este, que andava sempre com chapéu de palha na cabeça. Enquanto isso o senhor Francisco convidava D.ª Hilária para tomar um chá em sua casa o que ela generosamente aceita e muito conversaram, marcando um novo encontro para um passeio ao Dafundo.
Passados alguns meses, a senhora Hilária encontra Macário com a roupa que vestia um pouco suja e amarrotada e vai em direcção dele e procura-lhe o que tem feito para andar assim naquele estado e ele responde-lhe que não tem onde dormir nem que comer e já não tem dinheiro. Já tinha estado em Cabo-Verde onde arranjou fortuna e essa mesma fortuna se gastou para pagar dívidas do amigo de quem ele tinha sido fiador e que estava de casamento marcado com a menina Luísa, mas não sabia o que fazer.
Dona Hilária comenta que seu tio Francisco anda muito triste e abatido desde que ele saiu de casa e recomenda-lhe que vá lhe falar, pois um moço de família não pode andar naquela situação e que seu tio tinha muito orgulho dele porque todos os comerciantes lhe falavam que o seu sobrinho era um homem com honra na palavra. Macário pede desculpa a Dona Hilária pelo passado e que ficava muito feliz se o pudesse acompanhar a casa de seu tio pois seria uma honra para ele e assim seu tio via que já não havia mal entendidos.
Dona Hilária comenta com Macário que, depois de ele se ter ido embora, ela e seu tio tinham ido a vários serões juntos e que ele a pediu em casamento. Macário não disse nada durante o caminho em que acompanhou a senhora até casa de seu tio. Quando chegaram estava o senhor Francisco à porta do armazém, assim que os avistou andou em passos largos ao seu encontro fazendo uma vénia à senhora Hilária e com lágrimas nos olhos abraçou Macário com muita ternura, convidando-o a ocupar o lugar que sempre fora dele, ao que Macário acedeu e perguntando ao tio para quando era o seu casamento.
--Quem te disse que eu ia casar? --Perguntou o tio.
--A sua noiva!
--É verdade e já tenho a data, que será no dia da Nação, 10 de Junho, dia de Camões.
Dona Hilária com um sorriso envergonhado aceitou o casamento desde que Macário fosse o padrinho, o que foi logo afirmativo. Assim uma solteirona e bisbilhoteira acaba por casar com o Sr. Francisco, homem de negócios da Baixa de Lisboa. O casamento fez-se na igreja da Sé, no dia 10 de Junho de 1889.
Casamento de Dona Hilária com o Senhor Francisco
Joaquim Pereira
C.L.C. UC 7 Novembro de 2008
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